Ventilada pelo ex-presidente Lula (PT) e pela presidente do partido Gleisi Hoffmann, a revogação da reforma trabalhista brasileira de 2017 — aos moldes do que aconteceu na Espanha — tem ganhado espaço.
Na última quarta, as principais centrais sindicais divulgaram uma carta conjunta na qual “saúdam com louvor os novos ventos que sopram” contra a “precarização do emprego”.
O documento, assinado por entidades como Força Sindical, CUT e UGT, lembra que o acordo espanhol — firmado para revisar alterações nos direitos trabalhistas em 2012 — foi articulado pelo governo com a participação tanto de entidades empresariais quanto da classe trabalhadora.
A unificação sindical em torno do tema não foi imediata e, de certo, exigiu negociações e ajuste no discurso. Na terça, a declaração de Gleisi sobre a anulação das mudanças nas leis trabalhistas ser um “caminho” para o Brasil não foi recebida com consenso.
“Devagar que o santo é de barro! Na Espanha foi um acordo tripartite. Vencer a eleição com essa possibilidade é fundamental em 2022″, respondeu João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força. “O procedimento deve ser de entendimento com trabalhadores e empresariado. Caso contrário, parece imposição“, publicou o sindicalista.
Na ocasião, a CUT — ligada ao PT — defendeu o que chamou de “contrarreforma” citada por Lula e comparou o atual cenário do Brasil com aquele herdado pelo ex-presidente em 2003, com desemprego em alta, o Fundo Monetário Internacional “mandando no país” e um ambiente “contra a classe trabalhadora” — panorama esse revertido após medidas de “proteção ao emprego e renda” adotadas por Lula,defendeu a central.
Para além dos principais pontos levantados — defesa de mais restrições a contratações por terceirização e resultado pífio de geração de empregos -, a bandeira da revogação da reforma pode ter brilhado aos olhos dos envolvidos na discussão por outro aspecto.
Com decrescente prestígio após as mudanças trabalhistas aprovadas em 2017, as centrais queixam-se, na carta, dos “ataques aos sindicatos, às negociações” e da postura antissindical da reforma.
Vale lembrar que as mesmas entidades estão de olho em 2022 e já anunciaram que terão uma conferência geral em abril para tratar de temas como emprego de “qualidade”, valorização dos salários, desenvolvimento nacional, estrutura sindical, negociação coletiva e processo eleitoral.
A ideia é que a discussão culmine em uma série de propostas unificadas que serão entregues aos presidenciáveis ainda neste semestre.
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