Bogotá sedia a 5ª Conferência Regional ICM para a América Latina e o Caribe

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Entre os dias 26 e 29 de junho, a capital da Colômbia recebeu mais de 200 delegados em um evento que discutiu a integração regional e a unidade sindical no setor da construção e da madeira

A cidade de Bogotá, capital da Colômbia, sediou em junho a 5ª Conferência Regional da Internacional de trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM), evento que reuniu cerca de 200 participantes, entre sindicalistas, palestrantes e representantes de organizações governamentais e empresariais da América Latina e do Caribe.

A ICM é uma federação sindical global com sede em Genebra (Suíça) e presente em 117 países, com mais de 350 sindicatos filiados, dos quais 73 estiveram na conferência regional em Bogotá.
A 5ª Conferência Regional do ICM ocorreu nos dias 28 e 29 de junho, mas as atividades paralelas ao evento começaram em 26 de junho, com reuniões do Comitê Regional da ICM, dos Comitês de Mulheres e Jovens da ICM e de três conferências temáticas (“Mulheres nos setores da ICM”,  “Seminário da Rede Sindical Amazônica” e “Empresas Multinacionais e Diálogo Social”). Em outubro de 2022, a ICM realizou seu 5º Congresso Mundial em Madri (Espanha) com o tema “Vamos – Organizar além das fronteiras”, lema que foi mantido no evento regional.

Representação mundial

Além dos delegados, dos quais 26% são mulheres, participaram da Conferência autoridades políticas e representantes de 16 países da América Latina, Caribe, Estados Unidos e Europa.

Também estiveram presentes o presidente da ICM global, o sueco Per-Olof Sjöo, o secretário-geral da entidade, o filipino Ambet Yuson; um vice-presidente global, o panamenho Saúl Mendez, o presidente regional do ICM para a América do Norte, o estado-unidense Bob Walls; além do brasileiro Denílson Pestana, recém-eleito presidente regional da ICM para a América Latina e Caribe.

Também estiveram presentes representantes do Ministério do Trabalho da Colômbia, incluindo o vice-ministro Edwin Palma Egea, o senador mexicano Napoleón Gómez Urrutia, o vereador de São Paulo e representante do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Hélio Rodrigues, e o ponto de contato da OCDE na Colômbia.  Camila Miranda Sanabria, entre outros.

Integração e democracia

Pela primeira vez na história, um evento regional do ICM foi o cenário para a adoção de uma resolução política que trata da integração regional e da unidade sindical latino-americana.  A escolha de Bogotá como sede também tem um simbolismo relacionado ao fortalecimento da democracia na América do Sul. Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, está empenhado em defender os sindicatos e a classe trabalhadora em um país ainda marcado por ataques aos sindicalistas e aos direitos humanos.

Justiça climática

A Conferência Regional da ICM em Bogotá também discutiu a transição justa. Representando os trabalhadores do setor madeireiro, a ICM incluiu entre as atividades do evento um seminário da Rede Sindical da Amazônia para propor um plano de ação a favor da justiça climática, combate ao desmatamento e proteção da Amazônia e dos povos da floresta.

O Brasil detém 67,1% da superfície amazônica. Nos últimos quatro anos, sob o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, houve um aumento exponencial do desmatamento e, consequentemente, do comércio ilegal de madeira. Comércio que precariza as relações de trabalho, com o aumento da informalidade, algo presente não só no Brasil, mas confirmado pelos companheiros de sete países da Amazônia internacional que hoje compõem a Rede Sindical Amazônica (Brasil, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru). A Conferência aprovou uma Resolução em defesa da Amazônia com medidas a serem executadas pela Rede Sindical Amazônica.

Equidade de gênero

Embora as mulheres representem 44,4% da população economicamente ativa da região (CEPAL, 2021), sua presença nos setores da construção e da madeira varia de 4 a 13%. No Brasil, a participação das mulheres na construção civil foi de 10,85% em 2021[1], na Argentina, 4% (INDEC, 2017; 6% no Chile (INE, 2019); 8,2% no Peru (INEI, 2022); 13% no México (INEG, 2018) e 6% no país que sediou a Conferência, Colômbia[2].

A Conferência Regional da ICM sobre as Mulheres nos Ofícios analisou a baixa participação das mulheres na construção, materiais de construção, madeira, silvicultura e setores relacionados. Cerca de 60 representantes de 12 países compartilharam boas práticas e desafios para tornar esses setores menos segregados em termos de gênero, combatendo a cultura machista, o assédio sexual e a violência no local de trabalho.

Para identificar os fatores que dificultam a relação de emprego das mulheres, a diferença salarial e os elementos que aprofundam a feminização da pobreza, os/as participantes concluíram que é necessário compreender e enfrentar o fato de que esses empregos não são apenas numericamente masculinizados,  mas também culturalmente.

Além disso, a Conferência abordou a necessidade de incluir mais mulheres nos espaços de decisão nos sindicatos e em cláusulas de convênios coletivos que promovam a igualdade de gênero por meio da negociação coletiva. Como resultado, a Campanha ‘Basta de Cultura Machista’ foi aprovada pela ICM na América Latina e no Caribe.

[1] Relação Anual de Informações Sociais – Ministério do Trabalho – Brasil, 2021

[2] “Caracterização das mulheres no setor da construção em Bogotá” e a pesquisa “Bogotá construída por mulheresDocumentos Técnicos Habitat nº. 8 – Dezembro 2021.

17 de julho de 2023
Fonte: ICM

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